Este artigo apareceu originalmente no ACC Docket, publicado pela Association of Corporate Counsel em 15 de setembro de 2025, e foi escrito por Will Fletcher. Esta é uma versão traduzida preparada por Daniela Santos.
Advogados internos devem aprender disciplinas complementares como liderança, design thinking e economia comportamental para se passarem de técnicos jurídicos a influenciadores stratégicos em suas organizações.
Você já ouviu o ditado: “A faculdade de direito ensina a lei, mas não ensina como ser advogado.” Para advogados internos, esse desafio é ampliado por experiências anteriores, muitas vezes em escritórios de advocacia, que priorizam o domínio técnico jurídico em detrimento do pragmatismo e da parceria. Isso pode parecer uma falha no sistema, mas talvez seja apenas uma questão de que não há substituto para o aprendizado prático. O sucesso como advogado interno exige compromisso com o aprendizado contínuo.
Mas onde devemos focar nossos esforços de aprendizado? À medida que as expectativas para os advogados internos vão além do jurídico, as habilidades mais valiosas envolvem uma combinação de inteligência de negócios e sensibilidade humana. Elas exploram o comportamento e as motivações das pessoas, mergulham no imaginativo e no adaptativo.
Este artigo explora cinco habilidades de pensamento lateral que podem ajudar você a dominar o difícil trabalho de assessorar organizações estando dentro delas, onde não há manual pronto.
1. Liderança
O que significa ser um líder? John Quincy Adams disse: “Se suas ações inspiram outros a sonhar mais, aprender mais, fazer mais e se tornar mais, você é um líder.” Rosalynn Carter complementa: “Um líder leva as pessoas onde elas querem ir. Um grande líder leva as pessoas onde elas não necessariamente querem ir, mas deveriam.”
A liderança exige descobrir seus valores — princípios fundamentais que orientam decisões e prioridades. Compartilhar esses valores constrói confiança e inspira os outros a abraçar o futuro que você visualiza.
Você não precisa de um título para ser líder. Basta mudar sua perspectiva sobre seu papel e enquadrar cada decisão em termos da mudança que ela proporciona ao entorno e dos passos para levar outras pessoas junto com você.
Recomendação de leitura:
- As 21 Irrefutáveis Leis da Liderança, John C. Maxwell
- Como Ike Liderou, Susan Eisenhower
2. Creatividade
Rick Rubin, em The Creative Act: A Way of Being, afirma que criatividade não é só para artistas. É para qualquer um que cria algo novo — como escrever um memorando, elaborar um contrato ou desenhar um programa de compliance.
Criatividade começa com “sintonizar-se” — estar consciente do ambiente ao redor. Grandes ideias podem surgir de lugares inesperados. Ela também exige experimentação, paciência, curiosidade e coragem para correr riscos.
Recomendação de leitura:
- The Creative Act: A Way of Being, Rick Rubin
- How to Write One Song, Jeff Tweedy
3. Design Thinking
O design tradicional foca no técnico. O design thinking, por outro lado, coloca o usuário no centro. Ele considera como as pessoas interagem emocional, cognitiva e fisicamente com o ambiente.
Na prática jurídica interna, isso pode significar contratos com espaços em branco, linguagem simples e cabeçalhos informativos. Também envolve observar como os times de negócios usam seus quadros e sistemas.
Recomendação de leitura:
- Change by Design, Tim Brown
4. Storytelling
Histórias são uma forma poderosa de transmitir informações. Elementos como heróis, vilões, adversidade e mudança despertam emoções e motivam ações.
Grandes juristas como Oliver Wendell Holmes Jr. e Clarence Darrow usaram o storytelling para transcender a lógica jurídica. Contar histórias eficazes pode fazer com que digam: “Engraçado, você não parece um advogado.”
Recomendação de leitura:
- The Science of Storytelling, Will Storr
- On Writing: A Memoir of the Craft, Stephen King
5. Economia Comportamental
Essa disciplina explora os vieses cognitivos nas decisões humanas. Reconhece que pessoas inteligentes podem tomar decisões irracionais e que muitas vezes arriscam mais para evitar perdas do que para obter ganhos.
Compreender isso permite usar “nudges” — táticas não coercitivas para orientar decisões. Por exemplo, configurar sistemas de compliance onde a opção padrão é a menos arriscada.
Recomendação de leitura:
- Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman
- O Cisne Negro, Nassim Nicholas Taleb
Conclusão
Liderança, design thinking, criatividade, storytelling e economia comportamental são apenas algumas das habilidades de pensamento lateral que complementam sua expertise jurídica. Experimente, compartilhe e descubra quais funcionam melhor para você. Com curiosidade e prática, talvez um dia você crie um curso de faculdade de direito sobre essas habilidades — e finalmente aposente a frase “isso não se aprende na faculdade de direito.”